O escritor e médico Evaldo D’Assumpção, em matéria intitulada “Falta que Faz o Conversar”, publicada no jornal O TREM Itabirano, edição 139 de abril de 2017, Itabira (MG), chama a atenção do leitor para a diferença fundamental entre “o ouvir – usar o aparelho anatômico da audição – e o escutar”. O ato da escuta verdadeira requer compreensão, empatia, mergulho no que o outro transmite e revela até mesmo nas “entrelinhas” de suas palavras.
E chama ainda a atenção para a diferença entre o falar, sendo ele “a mera articulação racional – ou não – das palavras que conhecemos, e às vezes até mesmo daquelas que mal sabemos pronunciar”. Já o conversar é ” uma arte bem mais nobre, mais complexa e mais gratificante para os que interagem. Quem bem conversa, bem enxerga, melhor escuta”, assegura.
E ele vai além, ao lembrar que na vida familiar “o diferencial é a disposição interior e pessoal de cada um, para acolher os que o procuram. Nos círculos de amizade, conhecemos bem aqueles que se aprazem em escutar, que não se impacientam com a fala do outro, que têm real interesse em conhecer o que o interlocutor está compartilhando com ele”.
O médico ainda elucida que “são notórios e cada vez em maior número aqueles que estão sempre ávidos a encontrar um espaço para interromper quem fala, e logo despejar falação sobre si mesmos, sobre seus feitos, sobre suas maravilhas, sobre seu modo de pensar, sobre suas predileções – e muitas vezes também de seus familiares – sem terem escutado uma só palavra do que o outro disse”.
Quem não conhece alguém com esse tipo de comportamento? Raro é o oposto. Daí, segundo o Dr. Evaldo, “por isso a humanidade anda tão agressiva, e as pessoas tão recolhidas à conversa solitária nas máquinas eletrônicas, na qual falam o que querem…” (…) “Sabem que não serão interrompidas e, a qualquer desconforto, é só dar um clique e, que pena, o sistema caiu!”
O alerta dele vem ao encontro do que afirmava o escritor e psicanalista Rubem Alves acerca da alta frequência que carreava um curso de oratória e ninguém para um de escutatória. Mas, vale agora indagar: quando O sistema desaba, com quantas dores se fica? Será que este é o momento em que a solidão chicoteia com profundidade? Nós, do CVV, estamos aqui para escutar sempre, e não apenas ouvir. Para conversar com equilíbrio, contenção e apoiando-se na Abordagem Centrada na Pessoa. Consulte as formas de atendimento em cvv.org.br.
Bartyra | Recife (PE)
Helio | Ribeirão Preto (SP)