Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade do mundo. É uma doença capaz de deturpar a autoimagem, fazendo com que a pessoa desenvolva uma visão negativa de si, a ponto de torná-la incapaz de desempenhar suas tarefas diárias, seja no trabalho ou fora dele. Como agravante, caracteriza-se como um considerável fator de risco para o suicídio.
É certo que qualquer pessoa pode ser afetada pela depressão, em algum momento de sua vida, ainda que não se enquadre nas probabilidades estatísticas quanto à idade, gênero, classe social, carga genética, entre outras. Porém, se fôssemos convidados a tentar identificar pessoas do nosso convívio que pudessem estar sofrendo de depressão, que sinais procuraríamos? E a quem excluiríamos de nossa busca? Provavelmente, o nosso foco seria aquelas pessoas que se mostrassem tristes, desanimadas e queixosas. Por outro lado, as que nos parecessem alegres, sorridentes e serenas seriam descartadas de imediato.
Acontece que identificar os sintomas da depressão não é assim tão simples. Pessoas doentes podem conviver sem demonstrar os sinais da depressão em suas ações. A irmã, sempre sorridente e brincalhona; o colega tão paciente e cordato; a amiga gentil e conselheira; podem estar vivendo conflitos internos inimagináveis, guardando para si toda a tristeza e angústia, sem relevar nada de seus sentimentos para ninguém. Há um estigma associado à depressão que inibe tanto o doente de demonstrar o seu mal, quanto os demais de falarem abertamente a respeito. Para quem sofre, a primeira luta a ser enfrentada é contra o próprio preconceito.
A crença de que quem sofre de depressão sempre aparenta tristeza e busca isolamento é um mito que prejudica o estabelecimento de uma rede de ajuda para a pessoa que não se enquadra neste perfil. A fim de desmistificar esse engano, a empresa farmacêutica Pfizer, em parceria com o CVV, desenvolveu um vídeo que foi difundido com a hashtag #naoehsotristeza, num convite à reflexão sobre a complexidade da doença, com suas variáveis biológicas (vídeo aqui).
A morte do cantor Chester Bennington por suicídio, em julho desse ano, ilustra a necessidade de desconstrução dos estereótipos aos quais se associa a depressão. Sua esposa, Talinda Bennington, postou uma foto no Twitter em que ele aparece sorrindo, junto dela e dos filhos, numa imagem de família feliz. Segundo ela, a cena aconteceu poucos dias antes de seu marido tirar a própria vida. “Os pensamentos suicidas estavam lá, mas você nunca sabe”, escreveu ela. Não demonstrar ter depressão, não significa que a doença não esteja lá, escondida, minando o ânimo pela vida.
A depressão possui tratamento, e falar abertamente a respeito é o passo primário para o restabelecimento. A valorização da pessoa, com apoio incondicional das relações de afeto e acesso à rede de serviços sociais e de saúde, proporcionam condições favoráveis para a recuperação do bem-estar e do prazer de viver.
Cida- CVV Belo Horizonte