Logo ao chegar à Vila Olímpica, no Rio, o canoísta francês Matthieu Péché reclamou sobre a indisponibilidade do Pokémon Go no Brasil. Lançado em julho, o jogo eletrônico de realidade aumentada voltado para smartphones tornou-se uma febre mundial. Mas à parte o modismo, uma das coisas que tem chamado a atenção são as declarações de especialistas de que, sim, o jogo pode ajudar a combater a depressão e outras questões de saúde mental relacionadas aos transtornos de humor.
Para entrar na diversão, é obrigatório deixar as quatro paredes do quarto, abandonar o território muitas vezes seguro de casa e se aventurar pelas ruas atrás das pequenas criaturas virtuais. Com a câmera do celular e o GPS, o jogador visualiza na tela do smartphone os pokémons pelos lugares onde passa. Pode ser uma praça, um parque, um monumento ou shopping, para citar apenas alguns. É como se de fato eles existissem. A captura dos pokémons é fundamental para avançar no jogo, no qual o lema é “levante-se, saia de casa e explore”.
As saídas de casa, a motivação e o envolvimento do jogador são apontados pelo psicólogo John Grohol como importantes diferenciais para que a brincadeira se transforrme em espécie de terapia ocupacional. O pesquisador, que é um dos fundadores do site Psych Central, especializado em saúde mental, afirmou que é cada vez mais comum verificar no twitter e em outras redes sociais o relato de jovens sobre uma mudança significativa de comportamento.
Se antes a marca era o isolamento social, agora, muitos saem, caminham, conversam e exploram a realidade que está ao seu redor, para encontrar personagens como Pikachu, Raichu, entre tantos outros, nas proximidades de onde estiver. E, como lembra Grohol, caminhada é caminhada, mesmo que a motivação seja um jogo. Para uma pessoa que sofre de depressão, muitas vezes a ideia de atividade física pode parecer quase impossível.
Raciocínio similar tem o psicólogo David Wang. Ao jornal Nexo, ele afirmou que o jogo exige que, de fato, as pessoas estejam na rua, e o exercício em saúde mental ajuda, e muito! Ele lembra que se, por um lado, os jogos virtuais podem criar dependência, por outro oferecem uma possibilidade social mais confortável para os que têm ou enfrentam dificuldades em se relacionar.
Os especialistas observam, ainda, que relacionamentos do mundo virtual podem ser levados ao universo real e se desenvolver. Além disso, a afinidade que surge a partir do jogo pode desenvolver um senso de comunidade. As pessoas passam a participar de fóruns e ganhar a confiança necessária para interagir com outras ao vivo. É lógico que, como destacam os profissionais de saúde, nada disso substitui o acompanhamento médico e terapêutico. Mas a tecnologia pode, sim, oferecer a sua contribuição. Já presente em mais de 40 países, o Pokémon Go deve chegar ao Brasil em breve. Quer conhecer mais? assista o vídeo!
Leila
CVV – Brasília (DF)
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** Na foto principal do texto, jogadores procuram pokémons em Madri, na Espanha. (Foto: arquivo pessoal/U-thant Lima)