O suicídio continua sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo, de acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicadas no dia 17 de junho de 2021. Em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio, uma em cada 100 mortes, o que levou a OMS a produzir novas orientações para ajudar os países a melhorarem a prevenção do suicídio e atendimento.
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. As taxas de suicídio caíram nos 20 anos entre 2000 e 2019, com a taxa global diminuindo 36%, a queda variou de 17% na região do Mediterrâneo Oriental a 47% na região europeia e 49% no Pacífico Ocidental, mas na Região das Américas, as taxas aumentaram 17% no mesmo período.
A maioria dos casos de suicídio dos jovens coincide com o período de estudos e a transição entre adolescência e vida adulta. No Brasil, a taxa de suicídio entre universitários tem crescido de ano a ano desde 2002 e o país ocupa o primeiro lugar na América Latina.
Em 2018, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) realizou uma pesquisa com 424 mil entrevistas sobre o perfil socioeconômico dos estudantes de graduação das universidades federais e cruzou com dados existentes sobre dificuldades emocionais e o pensamento suicida. Uma proporção expressiva de estudantes declarou que teve alguma dificuldade emocional (83,5%), sofreu de ansiedade (63,6%), procurou atendimento psicológico no ano anterior (9%), estava em acompanhamento no momento (9,7%) ou tomava medicação psiquiátrica (6,5%). Nesses casos e em vários outros, os índices foram piores do que na edição anterior da pesquisa, realizada em 2014. Por exemplo, em 2014, 6,38% dos graduandos disseram ter ideias de morte, enquanto que em 2018 já eram 10,8%.
A fase de transição da escola para a universidade é complicada, principalmente para aqueles que têm dúvidas sobre qual rumo dar para a vida. A pressão sobre a fase adulta frequentemente chega nessa fase da vida e a saúde mental acaba sendo prejudicada. Especialistas citam uma série de fatores de risco que deixam o estudante universitário vulnerável nessa fase, tais como: a distância da família, inserção num ambiente cultural diferente, dificuldades financeiras e diferentes preconceitos (racial, homofobia, etc.). Já na etapa final do curso, existem as pressões para que este seja concluído dentro do prazo previsto e preocupações com o ingresso no mercado de trabalho e se é o momento ou não de continuar na vida acadêmica e fazer uma pós-graduação.
Estresse, ansiedade e depressão são alguns dos problemas emocionais e psicológicos que podem ser desencadeados por conta da pressão vivenciada pelos jovens durante a fase de vida universitária. Em abril de 2017, estudantes de todo o Brasil engajaram-se em uma campanha nas redes sociais, alavancada pela hashtag #nãoénormal, cujo objetivo era expor e problematizar desconfortos e situações relacionadas à saúde mental estudantil, que acabam passando despercebidos por serem tidos como “normais” (daí o nome da hashtag).
A maioria dos estudantes que ingressa em graduações e pós-graduações tem em mente o estereótipo de que universidades são lugares de extrema autonomia e liberdade. Porém, ao serem introduzidos no sistema universitário, deparam-se com uma realidade diferente.
Em 2020, com a pandemia, o ensino universitário passou por várias adaptações e essas mudanças acrescentaram novos fatores para desenvolvimento de estresse e ansiedade em estudantes universitários. A organização Chegg.org, ligada à empresa americana Chegg, fez um estudo com 16,8 mil estudantes de 18 a 21 anos, entre 20 de outubro e 10 de novembro de 2020, em 21 países, incluindo o Brasil. Os dados apontam que os universitários dos diversos países se sentem impactados na saúde mental e, entre os países estudados, o Brasil registrou a maior porcentagem com 87% dos entrevistados afirmando que houve aumento de estresse e ansiedade. Fatores como o isolamento, o medo, a incerteza e o caos econômico foram apontados como causadores do sofrimento psicológico.
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Viviane – CVV Belém