Como manter a oferta dos serviços de apoio emocional em um momento de crise mundial e, ao mesmo, garantir a segurança do voluntário? A equação necessitou de resolução rápida. Desde abril, o CVV adotou uma solução tecnológica que permitiu a transferência de cerca de 60% dos atendimentos para a modalidade remota. Em serviços congêneres, como o Samaritans, da Nova Zelândia, ou a SRCE, da Sérvia, a preocupação foi a mesma. “No começo foi tudo muito estranho. As chamadas eram muito parecidas e os problemas mais ou menos os mesmos de sempre. Não se falava muito de coronavírus, e essa situação perdurou por uns dois meses”, lembra Tanja Bokun, diretora da SRCE.
Tanja foi uma das participantes do debate sobre “Mudanças nos serviços de apoio durante a pandemia”, durante o X Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio, evento promovido pelo CVV. Ela comenta que, no início, foram submetidos ao lockdown entre 17h e 5h. Por dificuldades técnicas, o serviço de apoio por telefone precisou ser suspenso. Apenas chat e e-mail foram mantidos.
Passadas as primeiras semanas e com número reduzido de mortos e infectados, o governo decidiu retomar a rotina. Mas os casos voltaram a subir significativamente. A decisão, então, foi manter o serviço no posto com a adoção de diversos cuidados. Nos atendimentos, a preocupação com o novo coronavírus passou a estar mais presente. “Aparentemente, nos dois primeiros meses as pessoas estavam fortes e corajosas para resistir durante a crise”.
Com a volta à rotina e, em seguida, novas restrições, muita coisa mudou. ”As pessoas perderam a fé, a energia e a vontade de continuar. Eram comuns frases como ‘Eu imaginei que tivesse terminado’, ‘Eu não aguento passar por esse inferno novamente’, ‘Eu já estou por aqui, não aguento mais’”, comenta.
Peter Baker e Kelly Wright, do Samaritans da Nova Zelândia, lembram que, por lá, a adoção do confinamento foi rápida e rígida, mas, passado o pico, em pouco tempo voltaram às atividades normais. “Apenas as fronteiras permaneceram fechadas”. Com o passar dos dias, os assuntos mais frequentes nos atendimentos também mudaram. “A gente percebe que antes as pessoas estavam falando mais sobre a solidão, e agora sobre a saúde, a necessidade de se cuidar”, informa.
Voluntários do grupo de risco foram proibidos de ir ao posto e muitos deixaram o serviço. No fluxo e refluxo, considerado natural em um período tão atípico quanto este, a capacitação dos voluntários, o planejamento de ações e a ajuda mútua foram estimulados. “Você se sente útil e incentivado a se manter saudável emocionalmente. Com a oportunidade de atender de casa, muitos ex-voluntários fizeram questão de voltar”, observa.
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Leila – Brasilia – DF