Uma das coisas mais importantes que se pode fazer por uma pessoa que está vivenciando sentimentos suicidas é dar espaço para que ela possa falar sobre isso abertamente, tirar o assunto das sombras, de lugares obscuros e oferecer escuta e acolhimento. A afirmação é do terapeuta norte-americano Will Hall, escritor e professor de saúde mental americano, que participou do último Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio, promovido pelo CVV.
Ele defende uma abordagem dialógica e comunitária de saúde mental, conhecida como Diálogo Aberto. Escutar pessoas que já passaram por sentimento suicida, opina, é a melhor forma de os profissionais de saúde compreenderem o fenômeno. “Eu descobri, tanto através da experiência pessoal com o sentimento suicida, quanto da profissional, que as pessoas que sofrem usualmente apresentam duas questões em comum: a sensação de falta de conexão e o sentimento de ausência do controle sobre as situações. Poder falar e cuidar permite entender que a pessoa, na verdade, está querendo superar essa sensação de falta de conexão e desenvolver esperança. Essa é a necessidade básica da pessoa com sentimento suicida”, afirma Will Hall, que já foi diagnosticado com esquizofrenia e se considera um sobrevivente do suicídio.
O enfrentamento dos medos, diz ele, é uma das coisas mais importantes para lidar com os sentimentos suicidas, assim como estudá-los e aprender sobre eles. “Para que através disso possamos construir formas de responder aquilo que estamos sentindo, abrindo mão, de alguma maneira, de velhos hábitos que possam trazer este sofrimento”, destaca. Ele cita a pandemia como exemplo. “Nesse momento de coisas novas surgindo e que não sabemos exatamente o que está acontecendo, um problema que ninguém fala normalmente nos leva a um desconhecido, e este desconhecido é algo que nos dá medo, no entanto poder falar sobre isso pode reduzir este medo”, avalia.
Para Will Hall, em qualquer situação é importante poder falar abertamente sobre os sentimentos. “Quanto mais abertamente a gente consegue falar, mais a gente consegue perceber que o sentimento suicida é comum e acontece com muita frequência, ao contrário da tentativa propriamente dita, que já não é tão comum”.
Se você quiser conversar sobre os seus sentimentos e emoções, fale com o CVV pelo telefone 188 ou acesse www.cvv.org.br/23.
André
CVV Caicó (RN)