Jogos e suicídio

Data15/03/2018 CategoriaCVV

O descontentamento com a vida afeta um número considerável de pessoas. A grande maioria, incapaz de comunicar essa insatisfação. Diversos são os fatores de risco para o suicídio, isso é, variadas são as causas que aumentam a probabilidade de uma pessoa se suicidar. Normalmente, não possui um único evento e as razões que levam a ele são sempre muito complexas.

A morte se configura como uma tentativa de solução, o fim de um sofrimento acompanhado de intolerável dor psicológica, isolamento social e desesperança. Há quem diga que seja um ato de extrema individualidade humana, mas poucos são aqueles capazes de enxergar a complexidade que envolve o suicídio. Nos sites de jogos online, entre jovens, é comum o relato de pessoas que se mataram. O silêncio, no entanto, é ensurdecedor, sobretudo quando se observa que o suicídio é a terceira causa de morte em pessoas entre 15 e 29 anos.

Atualmente, é cada vez mais comum que poucas pessoas se coloquem disponíveis para ouvir e tentar compreender o que se passa com o sujeito ao lado. E, em um mundo que apresenta cada vez menos capacidade empática para lidar com o problema do outro, a situação se torna um enorme incômodo, um tabu.

A pessoa, além de enfrentar diversos fatores que a levam a pensar no suicídio, precisa lidar com a pressão social que obriga o sujeito a demonstrar um estado de espírito que não condiz com o que se passa interiormente. Essa imposição da sociedade é também chamada de ditadura da felicidade, que traz consigo uma punição por qualquer sinal de dor ou fraqueza demonstrada pelo indivíduo em sofrimento, incapaz de se adequar à essa exigência de bem-estar.

Dessa forma, o debate sobre suicídio fica latente e passa a ser reprovado em boa parte das conversas, contribuindo em nada para o alívio de quem está sofrendo com essa interminável dor psicológica.

Contudo, a grande maioria dos que pensam em se matar expressa suas intenções de alguma forma antes de tentar o suicídio e, quando não há sinal de alerta, trata-se de um caso atípico. Dessa forma, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que cerca de 90% dos casos possam ser evitados. Atitudes altruístas e empáticas, enraizadas com carinho e ternura, são de fundamental importância para amenizar o sofrimento do outro.

O CVV foi fundado em 1962 e neste mês de março completou 56 anos de prestação do serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio, sob total sigilo. O atendimento pode ser feito por diversas formas de chat, que podem ser conferidos no site, aqui. O CVV disponibiliza, também, alguns arquivos capazes de elucidar um pouco mais sobre o tema, que podem ser conferidos aqui. Sugerimos, ainda, a leitura dos demais textos disponibilizados no blog do Centro de Valorização da Vida, aqui, e o folheto do Ministério da Saúde, aqui.

Além disso, vale ressaltar que nem sempre é necessário trazer reflexões profundas acerca do que se passa com o outro. Não é preciso se sentir desconfortável na presença de alguém em tamanha fragilidade. Boa parte das situações requer não mais que uma companhia, mesmo que silenciosa, livre de julgamentos, capaz de mostrar que a pessoa em sofrimento não está sozinha e não precisa se isolar, que há alguém tentando entendê-la na plenitude de seus problemas.

Pedro

Colaborador do Blog do CVV

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