13/05/2020 Autoconhecimento

Presentes, conectados, próximos, distantes, confinados ou livres, independente de como nos percebemos atualmente, provavelmente já experimentamos nos sentirmos sozinhos em algum, mesmo que breve, momento de nossa vida.

Muitos, inclusive, já dedicaram canções ao tema. Alceu Valença nos trouxe: “ A solidão é fera, a solidão devora, É amiga das horas prima irmã do tempo…”

O historiador Leandro Karnal, em seu livro O Dilema do Porco Espinho, que trata sobre como encarar a solidão, faz um relato histórico. O assunto tem sido tema recorrente durante os séculos de civilização. É citada, vivida e encenada em várias obras clássicas que refletem esta condição do humano.

Ela nos ronda, está ali presente quando menos esperamos. Pode nos ser benéfica, quando escolhida, desejada, mas sempre que perdura por mais tempo pode gerar algum incômodo que é relatado das mais diversas formas.

Somos seres sociais por natureza, porém isto não nos dá a certeza de vivermos e lidarmos bem com pessoas e grupos nos quais estamos inseridos. Família, escola, trabalho, relacionamentos, diversão deveriam nos trazer conforto, tranquilidade, aconchego, bem viver. Mas nem sempre isto acontece, nem sempre encontramos isto em nossas convivências.

Forçosamente, neste momento, estamos isolados socialmente. A dificuldade de alguns de nós de conviver, o isolamento, está sendo experimentada por todos neste momento de pandemia.

Alguns já acostumados com o distanciamento estão muito bem, aproveitando os benefícios que esta situação pode nos oferecer.

Já outros convivem com algo novo, inesperado, indesejado, que pode gerar novos sentimentos e percepções.

Este período pode nos proporcionar um novo exercício, um novo olhar. Se nos permitirmos, podemos nos conhecer um pouco mais e perceber as outras pessoas.

Convivência não é algo fácil e simples de praticar, principalmente quando é realizada com pessoas que pensam e agem de forma muito diferente das nossas. Quando o clima de respeito não é exercitado nestes relacionamentos, afastamentos podem acontecer. Daí pode surgir a solidão citada por Paulinho da Viola na música Dança da Solidão: “Solidão é lava, que cobre tudo, amargor em minha vida, me sorri com dentes de chumbo…”

O que poderia ser uma oportunidade para aproximação pode ser uma ameaça à construção de proximidade, parcerias e relacionamentos. Isto tudo vai depender de como cada um de nós enxerga e lida com o momento e com suas experiências.

Adriana – CVV

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