Uma palavra com muitos significados, que acaba ficando na moda quando a existência dos outros é negada de alguma maneira. Alteridade ou outridade, que alguns autores conceituam como a condição do que é o outro, do que é distinto de mim, nos remete à necessidade de colocar-se no lugar do outro, de desenvolver o sentimento de empatia pelo outro, daquele que não sou eu e que na maioria das vezes é diferente de mim.
Exercer a alteridade nos leva, inevitavelmente, à reflexão sobre a condição humana. Quando estamos agindo com esse princípio, somos levados a observar o outro como um ser humano, simultaneamente, igual e diferente de mim. A experiência de se colocar no lugar do outro implica num esforço de perceber, a partir de seus olhos, seu mundo, que é uma construção de suas experiências, hábitos, história e vivências.
A filósofa Márcia Tiburi destaca, em seus textos, que estamos acostumados, e muitas vezes até agarrados, a um tipo de materialidade das coisas e das mercadorias que não promove a transcendência, não permitindo por vezes que mudemos nosso olhar sobre o mundo e para os outros com quem convivemos. Nesse sentido, a proposta de ações com alteridade é resgatar nossa sensibilidade perdida em meio à brutalidade da vida.
Ser altero não é algo impossível. A todo momento somos convidados ao exercício deste sentimento, podemos praticá-lo toda vez que convivemos com alguém. Praticar a alteridade é uma proposta ética, um estilo de vida, algo que constrói e se realiza de modo contrário à lógica que temos utilizado socialmente, de enaltecer o sucesso esquecendo que nem todos somos os melhores em todos os sentidos de nossa vida. Exige também olhar e reconhecer a si mesmo, nossas forças e nossas necessidades de melhorias como pessoas.
Adriana
CVV Araraquara (SP)
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