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‘Você não pode simplesmente ser normal?’

Data04/12/2019 CategoriaAceitação

Ser diferente é algo que quase sempre custa muito. Perceber-se fugindo à regra geral do que se imagina para a sociedade, costuma levar ao questionamento sobre o que é certo ou errado, saudável ou adoecido, bom ou ruim. A inadequação é sentimento comum entre os que se veem diversos da maioria. E é este o tema do curta “Float”, animação produzida pela Pixar, que faz um pai, entre aflito e frustrado, questionar o filho: “Por que você não pode simplesmente ser normal?”.

Tudo começa quando ele percebe que o bebê flutua. Fica assustado. Vê que não é comum uma criança flutuar. Constata o olhar de outros pais, que consideram a atitude um tanto estranha e até assustadora. A partir daí, o filho é criado entre quatro paredes. Quando vai à rua, é levado por uma coleira e carrega uma mochila cheia de pedras para evitar que volte a flutuar e seja submetido ao julgamento alheio.

A vida segue entre essas angústias. O curta não traz muitos diálogos. O falar é conduzido entre expressões faciais e linguagem corporal. Certo dia, porém, o menino consegue se libertar da coleira e experimenta a liberdade como nunca, a carinha de felicidade é total.

Mas a reprovação e o medo de outros pais, presentes no parquinho onde ele levitava, ficam estampados. O pai, então, diz a frase que parece tudo colocar numa mesma caixinha. O ser “normal”. A criança não disfarça a mágoa, a dor por não se sentir amada tal como é. O pai, então, compreende que ser diferente é normal. Solta o menino, percebe que proteção não se traduz em mudar a natureza do outro e deixa que ele flutue como nunca.

Para dar sentido ao mundo, o estímulo parte de diferentes fontes de informações. Cada um as percebe de uma forma e de um jeito muito particular. É a tal individualidade. O fundamental é que tudo isso não seja sinônimo de mal-estar. “Float” mostra o instinto de proteção de quem se ama, na expectativa de que os outros tenham um sentimento tão intenso quanto o nosso. O medo do preconceito e a dificuldade de aceitação são temas fortes no filme, assim como a importância de celebrar as pessoas pelo que elas são e não pelo que desejamos que sejam.

Leila – CVV Brasília

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