Não é muito comum para a maioria de nós falar sobre como nos sentimos. Guardar o que se passa dentro si, trancar o que nem sabemos o nome ou mesmo “aquilo” que tememos críticas, julgamentos, incompreensão e mal interpretação faz parte do caminho para se auto proteger. A sociedade ocidental, no geral, estimula e valoriza o que demonstramos, a agilidade em resolver situações que nos desafiam, a produção e a objetividade. Pensar e falar sobre os próprios sentimentos nem sempre são atitudes valorizadas ou têm espaço para serem expressadas com frequência.
Quando somos pequenos, choramos e sorrimos como expressão de nossos sentimentos mais primários, mas com o tempo é comum as lágrimas serem cada vez mais raras, sobretudo numa sociedade em que muitos as consideram sinônimo de fraqueza, demonstração de instabilidade emocional. Da mesma forma, deixamos de sorrir pelo que realmente dá prazer e bem-estar. Como num processo, daí a pouco não estamos mais prestando atenção no que realmente sentimos.
Vivemos cercados por regras sociais, formas de comportamento que nos levam a não valorizar nossas emoções, e sim as ações. Alguns de nós têm grande habilidade emocional, sabe lidar com tudo o que sente e consegue ponderar o uso da razão e da emoção em suas relações de trabalho, familiares e de amizades.
Já outros que não têm esse traço muitas vezes são levados a ser ou mesmo aparentar mais racionalidade. Podem parecer e ser considerados “frios” aos olhos de alguns, principalmente se comparados aos emotivos demais. Cada um tem suas características e habilidades de lidar com sua forma de ser, sentir, agir e reagir. Mas é fato que, ao longo de um mesmo dia, nos sentimos de inúmeras formas. Ações geram sentimentos e sentimentos geram e motivam as ações.
Jean-Jacques Rousseau, filosofo e pensador do século 18 escreveu: Se é a razão que faz o homem, é o sentimento que o conduz. Existe uma grande retroalimentação em nosso ser, somos estimulados pelo sentir a encontrar razões para atitudes, comportamentos e estes podem gerar inúmeros sentimentos. Falar sobre o que sentimos gera auto exposição, que pode facilitar o autoconhecimento e assim o crescimento e a busca pelo equilíbrio emocional. Expor o que se passa dentro de si é como se pudéssemos tirar um raio-x da alma e assim poder ver que há sentimentos e feridas que precisam ser abertas, expostas, para que possam ser cuidadas.
Adriana
CVV Araraquara
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