Os valores humanos de amizade, amor, solidariedade e fraternidade normalmente são necessidades e práticas que todos nós possuímos. Sabemos que na convivência esses valores vêm à tona e aparecem em nossas relações, ainda que não tenhamos sido preparados ao longo de nossa caminhada, para nos afastar de nossos queridos e amados com quem convivemos.
Quando a perda de alguém que amamos acontece por suicídio, os valores e crenças que podem estar presentes possibilita a prova desses valores e tudo pode ficar vulnerável e fragilizado diante deste impacto.
Muitos à nossa volta, familiares e amigos, acabam surpresos com esse tipo de perda, chegando a acreditar em vários mitos e preconceitos, possivelmente herdados e aprendidos através da nossa cultura, justamente por não saberem lidar, e sentem-se despreparados com este incômodo e revés que surge.
Mas a dor daquele que é bem mais próximo dessa perda pode se apresentar profunda e por vezes devastadora, gerando sentimentos confusos de vergonha, raiva, culpa e solidão. São acrescidos da incompreensão alheia por desconhecer na maioria dos casos como tratar este tipo de morte, porém que existe e é necessário conversar e conhecer para melhor compreender a complexidade que envolve o suicídio. Quem está próximo dos amigos e familiares pode ajudar se colocando à disposição do outro e acolhendo a dor de tantos sentimentos contraditórios presentes, procurando demonstrar os melhores traços dos valores que possuímos como seres humanos.
Conversar sobre esses sentimentos em grupos que compartilham de experiências semelhantes pode fornecer um auxílio poderoso e uma oportunidade valiosa e preciosa àqueles que buscam um sentido para aquilo que veem sem explicação. A troca de experiência e a empatia em variados momentos são elementos importantes para a prevenção do suicídio, indicando que pode existir uma vida sem medo e sem culpa, mesmo diante de uma perda tão traumática.
Falar sobre o que aconteceu, sem julgamento, a quem possa dar atenção genuína e verdadeira frente a dor de quem sente e precisa ser acolhido faz parte do trabalho que o CVV vem desenvolvendo há 60 anos, com compreensão, empatia, consideração positiva, aceitação e respeito.
Rosmary (São Paulo/SP), Vanessa (São Paulo/SP) e José (Manaus/AM)
Se precisar conversar, ligue 188, 24 horas todos os dias ou acesse www.cvv.org.br/23