Quem já viveu a experiência do suicídio de uma pessoa sabe do desamparo e do sofrimento que implica. O efeito é devastador. É como se o chão desabasse e, a partir daí, como em uma fila de peças de dominó, todas as outras esferas da vida vão também caindo. Mesmo o suicídio sendo um ato individual e solitário, pode ser considerado como o tipo de morte mais dolorida para as famílias lidarem.
Quando ocorre, instala-se o silêncio, a família busca esconder a causa da morte e as pessoas em torno se calam. O pacto de silêncio gera exclusão social e aumento do sofrimento. Neste momento, a tendência é se recolher, se isolar, e reaprender devagarinho a viver. Mas essa solidão é também terrível, pois ocorre exatamente em um momento em que mais precisam falar dessa experiência difícil, em que precisam procurar dar um sentido à vida e saber como os outros que também a viveram puderam fazer esse caminho difícil.
Desde 2013, o CVV oferece, por meio do CVV Comunidade, os Grupos de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio. A experiência, que surgiu em Novo Hamburgo (RS), hoje está presente em diferentes postos espalhados pelo país (confira a lista com dias e endereços logo abaixo). Nestes encontros, a partilha de emoções e sentimentos tem o objetivo de acalmar os corações. Ao integrar-se ao grupo, laços de amizade são criados.
A morte desencadeia reações que não dominamos e nesses encontros a pessoa percebe que outros também vivem momentos de perda e dor e que ela não está sozinha. Nas experiências trocadas, a pessoa pode se interessar no caminhar do outro. No exemplo da experiência vivida por outros, é possível perceber um modo diferente de abraçar a vida.
Entendemos que aprender a continuar vivendo após a perda de um ente querido pode ser um processo emocional bastante difícil e doloroso, entretanto, juntar-se a um grupo de apoio pode trazer um pouco de alívio e representar o primeiro passo na jornada para a recuperação.
Os sobreviventes precisam de um espaço em que possam falar das suas emoções, do seu sofrimento. Tal como outras pessoas que perderam alguém que amavam, os sobreviventes do suicídio necessitam falar, chorar, gritar, para externar sua dor.
Bela
CVV Novo Hamburgo (RS)
* As reuniões não são terapêuticas, portanto, não substituem qualquer assistência profissional necessária. Os encontros são gratuitos, confidenciais e sigilosos.
Se desejar saber informações sobre os grupos de sobreviventes ao suicídio consulte a pagina abaixo
https://cvv.org.br/cvv-na-comunidade/