“O que você vai ser. Quando você crescer”. O verso faz parte da música Pais e Filhos, da banda Legião Urbana, mas a provocação alimenta sonhos infantis desde sempre. O caminho a ser seguido no futuro é um questionamento comum e muitas vezes está relacionado à profissão a ser adotada. Nem sempre, no entanto, a satisfação, o orgulho ou o sucesso idealizados pela criança se transformam em realidade. Para muitos, o local de trabalho pode ser prisão, sinônimo de pesadelo. É cada vez maior o número de pessoas atingidas por doenças ocupacionais.
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2007 e 2017 foram registrados oito mil casos de transtornos mentais e cerca de 1.200 casos de canceres ocupacionais, sem falar nos 698 mil acidentes graves de trabalho. A expectativa é que o Sistema Único de Saúde destine 6 bilhões de reais por ano para o atendimento dos chamados doentes ocupacionais.
Parte importante da vida, o ambiente profissional, em geral, é onde se passa a maior parte do dia. Prazos, estresse, pressão, falta de reconhecimento e assédio podem se somar, em alguns casos, a outros problemas já acumulados pela pessoa, resultando em doenças diversas. A lista de problemas inclui ainda metas inalcançáveis, violência no local de trabalho e até atividades monótonas ou percebidas como “sem importância”.
Não poder ser quem se é de verdade entre os colegas de trabalho, por medo de julgamentos, preconceito e até de ser mandado embora, costuma ser um fardo difícil de se carregar. Ao cansaço e ao esgotamento soma-se a energia extra, quase impossível, de se manter uma aparência que em nada condiz com a realidade. Assim, é comum buscar o isolamento, evitar os colegas, parecer distraído, atrasar a saída para o almoço, desculpar-se pela ausência em festinhas da firma… Tudo para evitar aproximação. Procrastinar as tarefas, interrompe-las totalmente ou, por outro lado, acelerar e assumir mais atividades do que se dá conta naquele momento também são atitudes comuns. O ambiente de trabalho tóxico pode corroer a saúde mental.
As chamadas doenças psicossociais estão entre os dez principais problemas de saúde desenvolvidos no local de trabalho e que causam afastamento. A depressão, por exemplo, pode estar relacionada à carga horária excessiva, à pressão e a desentendimentos no ambiente profissional. O desânimo prolongado no convívio de trabalho pode ser devastador. Os especialistas apontam que boas relações interpessoais, melhora na comunicação, metas adequadas, programas de apoio e ambiente do qual se gosta contribuem para a socialização, para o bem-estar geral e também para a saúde mental. Se houver uma cultura de falar abertamente sobre si, sem temer represálias ou ter medo, é mais fácil buscar ajuda quando necessário. Caso você busque acolhimento para conversar sobre este ou mesmo outros assuntos, acesse cvv.org.br e veja todas as formas de atendimento disponíveis.
Leila
CVV Brasília (DF)