Foi Mário Quintana, o poeta das coisas simples, que contou que é no alto do décimo segundo andar do ano que vive uma louca chamada Esperança. A chegada de um novo ano muitas vezes é marcada por expectativa e uma série de planos. Mas, para alguns, não há qualquer sonho sobre este período que se inicia, é apenas mais um dia no calendário, uma sequência como outra qualquer entre o dia 31 e o 1º, um dia de vida a mais em que o desafio é viver.
Quando a crença é de que não há o que fazer porque o sofrimento será o mesmo, a dor leva à imobilidade que, por sua vez, pode intensificar os problemas. Ela, a desesperança, costuma ser amiga do desespero, da depressão e do desamparo. Pode ser estranho imaginar, mas é a crença em dias melhores, conectada à ação, que permite micropassos neste processo, muitas vezes longo e marcado pelo sofrimento.
Para quem vive um momento em que a vida parece mais pesada do que é possível dar conta, o melhor desejo de ano novo pode ser contar com apoio de alguém. Alguém que ajude até mesmo nas tarefas simples, como o preparo de uma refeição ou a ida ao médico. Uma pessoa que compreenda de verdade e que saiba que a dor é tanta que não cabe no peito. Que perceba que a solidão é muito mais do que estar sem pessoas ao redor, que costuma ser o sentimento de quem não acredita haver outro ser humano com o qual é possível criar verdadeira conexão.
Se lidar com a desesperança de alguém pode ser um processo difícil, imagine para quem a vivencia dia após dia. Talvez, a melhor resolução para 2023 seja uma dose extra de empatia, um tanto a mais na capacidade de escuta, a busca diária por conexões mais fortes, o desejo sincero de respeitar e ser respeitado, de acolher e ser acolhido.
Nós, do CVV, desejamos a você um novo ano com muitos motivos para sonhar e realizar. E que o motor de tudo isso seja a esperança.
Leila – Brasília (DF)
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