Nesse momento, muitos de nós estamos vivendo o chamado distanciamento social e físico no Brasil e em diversos lugares no mundo. Esse isolamento social e físico não foi uma escolha feito por nós. Foi algo basicamente imposto para nos protegermos e para proteger as demais pessoas da contaminação pelo novo coronavirus.
Como dizia Sarah Westphal, autora da crônica “Quase”: Ainda pior que a convicção do não ou a incerteza do talvez, é a desilusão do quase. Com o isolamento social e físico imposto, fomos obrigados a refazer muitos dos nossos planos para as próximas semanas (e meses?). Paramos nossos estudos, desmarcamos aquela viagem que tanto planejamos, cancelamos aquela visita aos amigos, não tivemos a festa de aniversário que queríamos… a lista é infinita!
Quase que conseguimos fazer muitas coisas que já estavam agendadas… Se tudo isso começasse apenas algumas semanas depois, talvez não teria o “quase”… ainda conseguiríamos fazer algo que estava nos planos, mas de repente fomos forçados a cancelar nossos planos, repensar nossos projetos, replanejar nosso futuro e refazer nossas rotinas.
Nesse momento é como se estivéssemos numa pausa das nossas vidas… uma interrupção… uma parada momentânea… Nós nos sentimos controlados por fatores externos, alheios às nossas vontades… sentimos interferência desses fatores nas nossas vidas… e são fatores novos e inesperados… É como se não pudéssemos planejar nosso futuro para as próximas semanas (e meses?) porque falta um elemento essencial, um controle maior sobre nossas rotinas profissionais, nossas rotinas pessoais, sobre nosso tempo…
Nós podemos nos sentir frágeis e fora do rumo pré-estabelecido antes. Estamos fora da nossa zona de conforto sem nem conseguir voltar a essa zona. Quando saímos da nossa zona de conforto somos expostos a outras possibilidades e outros desafios, mas é diferente quando isso não foi uma escolha e, sim, uma imposição.
O desconhecido gera medo e insegurança… O controle naturalmente atrai várias pessoas porque situações conhecidas geral sensação de conforto e segurança. A “incerteza” e a falta da possibilidade de planejar podem incomodar bastante algumas pessoas, especialmente perfeccionistas e que gostam de organizar tudo. O impedimento de planejar as coisas pode gerar ou aumentar a intensidade de transtornos alimentares, de ansiedade, depressão… pode levar ao desenvolvimento de mecanismos de fuga para suportar o estado da incerteza como vício em drogas ou álcool. A incerteza pode assustar, pode paralisar…
A falta de um futuro conhecido ou ao menos planejado tende a atormentar! É importante que qualquer assunto que incomoda tenha espaço e possibilidade para ser conversado sem julgamentos e com escuta amorosa. É importante procurar ajuda e sempre conversar sobre nossas angústias. Precisando conversar ligue para o 188 ou acesse www.cvv.org.br/23
Viviane – CVV Belém