Lidar com o fenômeno do suicídio e com a prevenção envolve aprender sobre a história de vida da pessoa. A ideação suicida é como se fosse uma mensagem, um alarme. “Se simplesmente tentamos desligar esse alarme, sem identificar onde está o fogo e o que ele sinaliza, a possibilidade de mudança é baixa. Portanto, precisamos identificar esse alarme e o que ele está dizendo para abrir o caminho. Só assim a pessoa que está em sofrimento conseguirá identificar que este alarme está sinalizando uma necessidade de mudança”, explica o terapeuta americano Will Hall.
O ato da escuta deve ocorrer de forma profunda, com a compreensão da situação e do sentimento que a pessoa está vivendo. “Quando um jovem está falando que está com sentimentos suicidas e eu pergunto o que está acontecendo, ele pode me responder ‘é porque minha namorada terminou comigo’ e é quando eu vou escutar profundamente para ‘e o que ela terminar com você traz pra você?’ que ele vai poder dizer por exemplo, ‘ela foi a primeira pessoa que eu confiei todos os meus segredos e é isso que eu perdi nessa relação agora’ e então ai eu consigo fazer sentido desse sentimento suicida e entender o motivo desse comportamento presente nesse momento na vida desse jovem.”
Um dos caminhos para o apoio é ajudar a pessoa a ter menos isolamento e mais esperança na possibilidade de mudança e também reassumir o controle sobre isso. “A partir daí, não podemos consertar, não podemos mudar, o que a gente pode fazer é unicamente escutar e ajudar com essa esperança. Se fizermos isso, teremos cumprido com o nosso trabalho”, afirma Will Hall. Ele lembra que não existem dados como idade ou gênero, por exemplo, que possam prever quem será a pessoa que vai se matar, logo é importante sempre fazer o melhor possível.
Ao lembrar a própria história, Wil Hall, que diz ser sobrevivente do suicídio, diz que um dos maiores erros é forçar a pessoa após um sentimento suicida a, por exemplo, uma internação hospitalar.
“É como se agora que eu tive a força e consegui falar sobre o meu sentimento, eu estivesse sendo punido por isso. Na minha experiência, isso foi muito ruim pra mim. Eu fiquei muito vulnerável e sensível, senti muito medo, fui restrito e isso fez com que, na verdade, aumentasse a minha necessidade de isolamento.”
André – CVV Caicó – RN
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