A gentileza é intuitiva e ser egoísta é uma escolha. A afirmação está em um artigo publicado pela Revista Galileu, no qual os pesquisadores dizem que a gentileza é um instinto natural do homem e que, quando paramos para pensar antes de tomar uma atitude, rechaçamos muitas vezes este instinto natural e escolhemos atitudes egoístas e não solidárias… talvez por isso tanta violência ao redor!
Um outro estudo realizado na universidade americana de Yale aponta que o primeiro instinto das pessoas é cuidar e salvar os outros. A reportagem faz lembrar o psicólogo humanista Carl Rogers, que nos fala que cada organismo, não importa em que nível, apresenta um fluxo implícito de movimento em direção à realização construtiva de possibilidades que lhe são inerentes. Chama esse processo de “tendência realizadora”.
Quer falemos de uma flor ou de uma árvore, de uma minhoca ou de um pássaro, de uma fruta ou de uma pessoa, há algo que pulsa para a sua manutenção, seu crescimento e sua reprodução… Esse algo é a própria natureza do processo a que chamamos vida, que está em ação em todas as ocasiões.
Claro que essa “tendência”, esse “instinto” pode ser frustrado ou desvirtuado, mas não pode ser destruído. Carl Rogers narra um episódio de sua infância: “A caixa em que armazenávamos nosso suprimento de batatas para o inverno era guardada no porão, vários pés abaixo de uma pequena janela. As condições eram desfavoráveis, mas as batatas começaram a germinar: eram brotos pálidos e brancos, tão diferentes dos rebentos verdes e sadios que as batatas produziam quando plantadas na terra, durante a primavera. Mas esses brotos tristes e esguios cresceram dois ou três pés em busca da luz distante da janela. Em seu crescimento bizarro e vão, esses brotos eram uma expressão desesperada da tendência…”
Da mesma forma que a gentileza é algo inato em nós, a tendência realizadora está presente em nosso ser, e mesmo quando as circunstâncias são desfavoráveis, algo nos impulsiona para crescer e ser. Que, a partir dos ensinamentos de Rogers, possamos conseguir ser a terra e não o porão escuro tentando abafar a busca pela luz que está em nós. Sejamos gentis finalmente.
Flávio
CVV Brasília (DF)