Continuar a viver depois de outra pessoa deixar de existir. Escapar. Resistir. As definições do Dicionário Aurélio para o sobrevivente não dão conta da angústia quase sempre incluída nessas 12 letras. Se o suicídio é um problema de saúde pública, a dor de quem fica está longe de poder ser ignorada. Estudos apontam que a morte de alguém por suicídio afeta pelo menos dez pessoas ao redor, são os chamados sobreviventes, que convivem com a dor da perda.
O caminho para quem fica e para quem tentou e não conseguiu se matar é longo e varia de ser para ser. Às vezes, o passo é largo. Em outras, o percurso requer mais tempo. Até se chegar a uma possível aceitação, a negação, a raiva e até a tentativa de barganha vão marcar o processo. O sentimento de luto costuma fugir ao controle, assim como a ideia de morte. Existe um período necessário para a quietude, para vivenciar a dor.
Para alguns, a realidade do suicídio e da dor provocada por ele muitas vezes pode parecer distante. Principalmente para os que nunca pensaram na morte voluntária e nem mesmo passaram por isso com alguém próximo. Mas um levantamento feito pela Unicamp mostra que 17% dos brasileiros já pensaram em suicídio em algum momento da vida. E os números têm crescido a cada ano.
Para chamar atenção para essa situação, a American Fundation Suicide Prevention (https://afsp.org) criou o Dia do Sobrevivente do Suicídio, lembrado neste 18 de novembro. Nesta data, pessoas enlutadas, que passaram pela perda de alguém próximo ou que já tentaram tirar a própria vida, se reúnem em várias partes do mundo em eventos para encontrar conforto, ganhar entendimento e compartilhar as histórias de superação, saudade e esperança. No ano passado foram mais de 350 eventos em 18 países.
Neste ano, nos eventos que vão ocorrer em várias partes do planeta, será exibido o documentário “The Journey: A Story of Healing and Hope”, uma produção da AFSP sobre a experiência de perda de suicídio, bem como do acompanhamento dos sobreviventes e familiares. No filme, participantes originais da jornada se reúnem três anos após o primeiro encontro para refletir sobre a evolução da atividade na superação de cada um deles (Veja o trailer https://afsp.org/find-support/ive-lost-someone/survivor-day/).
Para ajudar neste processo, grupos de ajuda têm se reunido no Brasil também. Em todo o país, o CVV Comunidade, um dos programas do CVV, mantém Grupos de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio. Os encontros são regulares, gratuitos e sigilosos. Confira a lista completa e os locais em https://www.facebook.com/cvvcomunidadebrasil/
E se precisar conversar individualmente entre em contato com nossos voluntários pelo nosso site: www.cvv.org.br/23