Todos nós possuímos uma série de necessidades que motivam as nossas ações e a maneira como nos sentimos conforme elas sejam atendidas ou não. O psicólogo americano Abraham Maslow mapeou as necessidades básicas do ser humano em uma pirâmide hierárquica que atribui um grau de importância a cada uma delas. Segundo ele, as fisiológicas são as iniciais, enquanto as de realização pessoal são as necessidades finais.
Em sua teoria sobre a Comunicação Não-Violenta, Marshall Rosenberg afirma que os “nossos sentimentos resultam de como escolhemos receber o que os outros dizem e fazem, bem como de nossas necessidades e expectativas específicas naquele momento”. A prova disso é que um mesmo fato, visto de forma isolada e sem julgamentos, pode gerar diferentes reações de acordo com as necessidades de cada um.
Usemos um abraço como exemplo: alguém pode se sentir invadido e desrespeitado, enquanto outro pode se perceber amado ao tomá-lo como um gesto de carinho. O ato de abraçar não mudou.
Mudou, sim, a necessidade de cada um e o sentimento gerado a partir de uma mesma ação. No primeiro caso, há uma necessidade de preservação do espaço pessoal que pode gerar o sentimento de irritação e desconforto; no segundo, a necessidade de carinho e atenção que traz o sentimento de felicidade e plenitude ao ser abraçado.
Ao perceber isso, ganhamos consciência de que somos responsáveis pelos nossos próprios sentimentos e nos empoderamos deles. Quando assumimos essa responsabilidade, entendemos que o que os outros dizem e fazem pode ser o estímulo, mas nunca a causa do que sentimos.
A questão é que, na maioria das vezes, não sabemos lidar com os nossos próprios sentimentos. Pior: não conseguimos identificar quais as necessidades – atendidas ou não – que nos levaram a sentir o que sentimos. Numa sociedade em que, frequentemente, somos julgados por identificarmos e revelarmos as nossas necessidades, também não fomos educados para expressar o que sentimos.
Fazer isso pode ser muito assustador. No entanto, Rosenberg acredita que, ao expressarmos as nossas necessidades, temos mais chance de satisfazê-las. Por outro lado, se não as valorizamos, os outros também podem não fazê-lo.
No CVV, valorizamos as necessidades de cada um e estamos dispostos a acolher e ouvir os sentimentos de todos. Para conversar, acesse cvv.org.br ou ligue para 188. Expressar o que sentimos pode ser confuso e, por vezes, até difícil. Mas é o caminho para ajudar a identificar quais são as nossas necessidades que ainda precisam ser atendidas.
George – CVV Blumenau (SC)