Ao falar sobre suicídio, é muito importante a reflexão acerca das nossas ações cotidianas que poderiam, de alguma forma, intensificar a dor de alguém que já se encontra em sofrimento. Não são raras as situações em que existem pessoas fragilizadas ao nosso redor sem que tomemos conhecimento. Um caminho é sempre se perguntar: o que estou prestes a fazer (ou a dizer) poderia fazer mal a alguém próximo? Será que eu poderia afetar negativamente alguém, mesmo sem perceber?
O que falamos pode ter um peso muito grande sobre aqueles que sofrem em silêncio ao nosso lado, ainda que não seja evidente para nós. Quando assuntos como depressão, suicídio, transtornos psicológicos, entre outros, estão em pauta em uma roda de conversa, é importante prestar atenção ao que dizemos e à maneira com a qual nos expressamos. Um discurso que demonstre culpabilização e julgamento de quem tem depressão, por exemplo, pode ser assimilado por quem está fragilizado como uma reafirmação da sua incapacidade de melhora nesse quadro. Um discurso compreensivo e sem julgamentos, por outro lado, poderia oferecer apoio às pessoas que sofrem em silêncio e gerar uma sensação de acolhimento, o que facilitaria o processo de falar sobre o assunto e pedir ajuda.
Portanto, algumas falas cotidianas poderiam ser evitadas com o intuito de não prejudicar as pessoas que sofrem ao nosso redor, como exemplo: discursos que culpabilizam os indivíduos que tem depressão, discursos que incentivam o suicídio como uma forma de resolução de problemas, falas que debocham e fazem chacota do sofrimento alheio, falas que atribuem uma causa simples e única para o quadro depressivo de alguém, discursos que atribuem a ideação suicida à “falta do que fazer”, falas que oferecem uma alternativa simples para problemas complexos (como, por exemplo, “é só ter força de vontade que a depressão passa”), entre outros.
A prática de ações e discursos empáticos, que se atentam aos sentimentos alheios, podem representar um diferencial muito grande para quem precisa de apoio e não consegue pedir ajuda. O estabelecimento de relações saudáveis através de um posicionamento compreensivo e empático, entendendo que o discurso e as pequenas ações têm poder, pode ajudar a salvar vidas.
Lorena – CVV Vitória- ES
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