O ano de 2020 foi marcado por mudança nos costumes sociais para muitas pessoas devido às limitações de convívio impostas pela pandemia da covid-19. Elas passaram a ficar mais tempo em casa, restringindo ao máximo as saídas, bem como o convívio social presencial. A “Síndrome de Cabana” ou “cabin fever” começou a ser usada no início do século XX para aquelas pessoas que ficavam isoladas ou confinadas em cabanas durante um inverno rigoroso devido a atividades como caça e, posteriormente, sentiam dificuldade de retornar à civilização e à rotina. A mesma dificuldade também foi observada em faroleiros na solidão de faróis, trabalhadores de plataformas de petróleo ou tripulantes confinados por causa de missões em submarinos.
Atualmente, esse termo vem sendo usado para explicar sentimentos que surgem em algumas pessoas quando pensam em sair de casa, o chamado desconfinamento. Alterações de humor, perda de memória e concentração, sensação de impotência, mudança na rotina de sono, inquietação, entre outros, caracterizam a “Síndrome de Cabana”. A necessidade de sair de casa para fazer tarefas diversas e/ou se relacionar com outras pessoas após longo tempo de isolamento pode gerar ansiedade excessiva e também um aumento de consumo de alimentos gordurosos, mais prazerosos e com bastante carboidrato.
Diferentemente do inverno ou de uma viagem de submarino, a pandemia do coronavírus ainda não tem previsão para acabar. Na necessidade de retomar algumas atividades, no chamado período de desconfinamento social, qualquer saída de casa pode passar a se tornar um verdadeiro fardo para algumas pessoas.
Essa síndrome não é considerada uma doença ou transtorno mental, apenas uma reação a tantas mudanças e restrições causadas pelo atual cenário persistente de pandemia e a possibilidade de uma contaminação. Entretanto, é importante estar atento aos sinais de agravamento dos sintomas pois elas podem levar a quadros mais graves como distúrbios alimentares, síndrome do pânico, transtorno de estresse pós-traumático ou depressão.
A “Síndrome de Cabana” difere do chamado “Síndrome de Hikikomori” ou “Síndrome do Isolamento Social”. O termo “hikikomori” significa “estar confinado” em japonês e a “Síndrome de Hikikomori” foi definido pelo psiquiatra japonês Tamaki Saito em 2000 para uma nova síndrome no qual o isolamento social é voluntário, ou seja, a reclusão é autoimposta pela própria pessoa. Essa síndrome, na maioria das vezes, afeta jovens adultos que não possuem nenhum tipo de relação social, atividade educacional ou de trabalho.
É importante que qualquer assunto que incomoda tenha espaço e possibilidade para ser falado sem julgamentos e com escuta compreensiva. É importante procurar ajuda e conversar sobre nossas angústias. Precisando conversar ligue para o 188 ou acesse www.cvv.org.br/23
Viviane
CVV Belém (PA)