Muitas pessoas, diante de um erro por elas cometido, xingam a si mesmas, seja mental ou verbalmente. “Como sou burro/idiota/fraco”, costumam pensar ou dizer. Não raro, conferem a si próprias tratamento mais rígido do que teriam com familiares, amigos ou mesmo desconhecidos, cujas falhas até minimizam.
Para estas pessoas, qualquer desvio daquilo que pretendem realizar pode ser encarado com frustração. Não conseguem ser complacentes com metas não cumpridas em um dia ruim, têm dificuldade de aceitarem justificativas como cansaço físico ou mental ou de conhecer seus limites e identificar sua humanidade, que determinam que é impossível acertar e vencer obstáculos sempre.
Diante desta dinâmica, cada novo erro pode significar um novo ciclo de autoagressão e até desencadear a percepção de que se está sempre falhando, o que pode ter algumas consequências óbvias: a queda da autoestima e o desestímulo. Às vezes, se esquecem que para cada dia em que não seja possível cumprir as tarefas pode se seguir um outro para se recuperar da decepção e da punição autoimposta, em que pode haver uma perda enorme de energia e tempo.
Enquanto isso, quem acredita que é natural errar, que é comum a produtividade cair, que é humano ter cansaço, desmotivação ou até a pura preguiça, tende a encarar o dia seguinte com mais leveza, proporcionando-se uma nova oportunidade de acertar, sem o peso de débitos imaginários ou de prejuízos a serem recuperados de situações que não foram encerradas como se previa.
Para quem costuma ser muito autoexigente, mas compreensivo com o erro dos outros, pode ser necessário inverter o ditado do senso comum: tratar a si como trata aos outros e exercitar ser gentil consigo mesmo, para, afinal, adquirir o hábito de perdoar-se diariamente por ser falível e, assim, poder seguir em frente em novas tentativas.
Luiza
CVV Belém/PA
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