Um dos maiores mistérios da natureza humana e, talvez, paradoxalmente, um dos fatos mais simples como o passar do vento, o cair da chuva, o movimento das ondas seja o ato de chorar, fazendo com que tomem os nossos olhos alguns sentimentos que se concretizam em forma de lágrimas. Elas são o efeito de causas diversas, a expressão de corações que se “exteriorizam” revelando, mascarando ou escondendo o que conduzimos na nossa interioridade.
Verter lágrimas é um ato tão intrinsecamente ligado ao ser humano que há até expressões populares relacionadas, figurativamente, ao pranto, tais como: “chorar lágrimas de sangue”, significando sentir dor ou arrependimento; chorar “lágrimas de crocodilo”, aquelas que não são reais, são fingidas.
Envolve o mistério de chorar, por exemplo, o fato de que há pessoas que, pelos motivos mais corriqueiros, facilmente choram e outras parecem incapazes de externar-se através do pranto, mesmo quando as causas são verdadeiramente graves. Há quem use as lágrimas como mecanismo de defesa e quem as reprima por vergonha ou receio de serem consideradas frágeis.
Mas, por que se chora diante das manifestações do belo ou do feio? Quando se perde alguém ou algo, mas também quando se ganha? Por que ao chorarmos, depois nos sentimos mais leves e serenos? Sabe-se, eis o simples da questão, que as razões mais comuns que levam um ser humano a chorar são a tristeza, a depressão, a dor (física ou moral), o medo, a frustração, a comoção, a piedade, a raiva, o prazer, a alegria, a angústia, o estresse, a felicidade, embora entre as razões expostas as lágrimas estejam muito mais ligadas ao sofrimento. É quase impossível perdermos entes queridos e conseguirmos conter as lágrimas.
Um fato a ressaltar é que as mulheres choram mais do que os homens. Os motivos seriam, além de socioculturais, uma vez que é chavão em certas sociedades ou núcleos familiares afirmar-se que homens não choram, também há causas de natureza biológica: alguns estudos falam que as mulheres liberam mais prolactina relacionada com a produção de leite e isso tem direta relação com a “tecelagem” do pranto.
Estudos e conjeturas à parte, sejam quais forem os motivos, que saibamos acolher as lágrimas com palavras que só a empatia pode nos fornecer os subsídios necessários. Ou que saibamos recebê-las com o silêncio de quem tem um coração disponível para guardá-las e compreendê-las. Enfim, ouvir uma voz embargada pelo pranto, salvo exceções, é tomar conhecimento de dores incomensuráveis, de sentimentos que se liquefazem imersos no mistério ou na simplicidade do fluir de uma vida.
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Bartyra
CVV Recife (PE)