O suicídio nas canções

Data08/03/2016 CategoriaAngústia

São assustadores e dolorosos os casos de suicídio de artistas, principalmente os denominados pops, registrados e revelados através da mídia, com mais frequência nos Estados Unidos. Por isso não é motivo de surpresa o número de canções que abordam essa temática, em todos os seus aspectos, no Brasil e em todo o mundo. E, a bem da verdade, não são apenas os artistas que buscam esse tipo de morte, que retira da vida, prematuramente, tantos seres humanos.

A música cantada por Raul Seixas, “Suicídio”, bem evidencia o tédio, claramente expresso na vida do personagem inspirador da canção, que diz: “Mas quando acorda assustado está pronto o suicídio…” (…) Cada dia que passava na pensão do seu lar / Nos porões da alma era menos um motivo / Havia tão poucos para ele acreditar / (…) Os ponteiros pareciam sempre lhe dizer / O seu tempo já passou”.

Tanto quanto o tédio que salta aos olhos na letra de “Suicídio”, a depressão se mostra asfixiante em “Essa Noite, Não”, de Lobão: “A maior expressão da angústia pode ser a depressão / Algo que você pressente, indefinível, / Mas não tente se matar, pelo menos esta noite, não”. Este último verso confirma o apelo supremo do voluntário do CVV quando, ao despedir-se do outro, ao sabê-lo prestes a suicidar-se, lhe pede: “na próxima semana gostaria de voltar a falar com você…”

Graças à resiliência, ao instinto de conservação e a ajuda oferecida pelo CVV a quem pensa em morrer, nem tudo é trágico, nem tudo tende para o fim. Não é raro, nem espantoso, que quem nos busca volte a telefonar para dizer que se decidiu pela continuidade da existência. Muitos voluntários são testemunhas dessa atitude e, no mais íntimo de seus corações – o sigilo exige-lhes o silêncio -, cantem para si mesmos a canção que celebra a conquista de uma vida para a vida.

Simplesmente porque, no processo experienciado por quem busca o CVV, quando compreendido, o desejo de viver se sobrepôs aos seus problemas, dificuldades, dores e perdas. E porque, finalmente, a exemplo de Milton Nascimento, na sua composição “Travessia”, ele acabou por entender que deseja e necessita viver e, não mais declarar, como na canção “Vou deixar o meu pranto, vou querer me matar”. E, sim, proclamar: “Vou seguindo pela vida (…) Já não quero mais a morte / Tenho muito que viver / Vou querer amar de novo…”.

Que o seu desejo de amar novamente ou de reviver antigos amores, de olhar a realidade com confiança, com alegria, com esperança possa se renovar. Que nossas portas, sempre abertas, possa fazê-los acreditar que ainda vale a pena ter esperança de vivenciar o lado bom de um mundo melhor para os seus passos de andarilho que aprendeu a acalentar sonhos.

Eixo Comunicação CVV

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