O Rio de Janeiro está recebendo a XXXI edição dos Jogos Olímpicos de Verão e, nas próximas duas semanas, seremos espectadores de muitos momentos emocionantes: vitórias, derrotas, superação, frustrações. Vibraremos e sofreremos juntos pelos nossos atletas favoritos, sentiremos uma energia diferente no ar. Seremos contagiados, nem que seja nos intervalos da nossa rotina, pelo espírito olímpico.
Sabemos que atletas que alcançam a elite esportiva têm uma vida desgastante, de muita disciplina, esforço e renúncia. E talvez esta seja a primeira lição que o esporte pode nos ensinar: a perseguir e batalhar pelos nossos sonhos, porque eles só se concretizarão com o nosso esforço e persistência.
Além disso, estamos habituados a relacionar a competitividade com um ambiente hostil e traiçoeiro, onde os demais são tratados como um empecilho para o nosso sucesso. O esporte subverte esta lógica, sendo comum que grandes adversários sejam também grandes amigos, que muitas vezes dividem o mesmo quarto durante os campeonatos, em uma demonstração de máximo respeito. Por isso a expressão fair play surgiu neste ambiente, para caracterizar uma maneira justa, limpa e leal de jogar. Do mesmo modo, a expressão espírito esportivo é definida como “qualidade de quem sabe perder e é elegante ao ganhar uma competição” (definição do Dicionário Michaelis).
Outro ensinamento importante vem da aceitação das derrotas e do estímulo para ultrapassar os limites e vencer. Todos os grandes atletas já viram a tão sonhada medalha escorrer pelas mãos por alguns centésimos de segundo ou por um ponto no último minuto. Tiveram que superar a decepção enorme que toma conta nestes momentos e seguir em frente, pois outros campeonatos virão.
Nas Olimpíadas, os sentimentos dos atletas ficam ainda mais intensos, pois, por ser o maior evento esportivo que existe, é o sonho de toda criança que inicia uma atividade esportiva competitiva. Temos a oportunidade de ver sonhos de infância se materializando na vida de jovens adultos.
O trabalho de anos é posto à prova em momentos que duram segundos, minutos ou algumas poucas partidas. Um erro e tudo pode ir por água abaixo. É natural que, nestas circunstâncias, a ansiedade e o medo tomem conta dos participantes, por toda a expectativa criada por eles mesmos e pelos outros. Todos carregam dentro de si a missão de conseguir o seu melhor resultado e representar bem o seu país. É uma pressão enorme.
São esses fatores que costumam estar por trás das lágrimas que insistem em correr pelo rosto, tanto na alegria da vitória – pelo sentimento de recompensa do esforço – quanto na dor da derrota, que gera a sensação de fracasso.
O espírito olímpico, no final das contas, é uma representação de valores que queremos ver no mundo: a vitória pelo próprio esforço, a ética para atingir objetivos, a aceitação das derrotas e a persistência para seguir frente com coragem e determinação.
Luiza
CVV Belém
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