O efeito cascata do desespero econômico

Data29/06/2016 CategoriaAngústia

Um levantamento feito pelos Samaritanos de Londres mostra que a cada seis chamados telefônicos na entidade, pelo menos um trata de questões financeiras. O número é deste ano, mas revela uma preocupação antiga. A correlação entre crise econômica e suicídio tem sido discutida desde os estudos inaugurais do sociólogo francês Émile Durkheim. E embora o CVV não faça estatísticas do gênero, é cada vez mais comum esse tipo de ligação, principalmente em época de aumento do desemprego e da recessão.

Em abril, o número de trabalhadores fora do mercado sem qualquer ocupação chegou a 10,2%. É a maior taxa da série histórica do IBGE, que começou em 2012: são mais de 10 milhões de brasileiros desempregados. E as perspectivas estão longe de serem animadoras. Relatório sobre empregabilidade divulgado pela Organização Mundial do Trabalho (OIT) mostra que até 2017 um em cada cinco novos desempregados do mundo será do Brasil.

É um efeito cascata. A angústia emocional ligada à recessão e a falta de esperança são apontadas como apenas parte do problema, que envolve autodestruição, tentativas e ideações suicidas. Após análise de dados da Organização Mundial da Saúde, pesquisadores da Universidade de Zurique chegaram à conclusão que de 233 mil mortes verificadas entre 2000 e 2011 em 63 países, 45 mil estavam relacionadas ao desemprego, o que equivale a 20%. Também é conhecida a correlação entre desemprego e depressão.

Uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo já provou que 80% das pessoas que acumulam débitos sofrem de depressão e ansiedade. Esse impacto é ainda maior nos três primeiros meses da mudança de situação financeira, conforme destacado na cartilha “Suicídio: Informando para prevenir”, produzida pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

Ao apontar o desemprego entre os fatores de risco do campo social, a publicação chama atenção para o fato que desempregados com problemas financeiros e trabalhadores não qualificados podem estar no grupo de risco. Importante que neste momento estas pessoas busquem ajuda e não se isolem, e se precisarem conversar busquem o apoio de alguém ou do CVV. Para conversar com um de nossos voluntários entre em contato por uma das formas disponíveis em nosso site.

Leila
CVV Brasília/DF

 

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