Nesse momento, muitos de nós já completamos longos períodos em isolamento, distanciamento social, devido à pandemia da covid-19 no mundo. O distanciamento social trouxe alterações na rotina, incluindo mudanças de comportamento como o uso de máscaras e maior atenção a hábitos como lavar as mãos.
O isolamento também trouxe mudanças em hábitos de consumo das notícias. Com o uso de internet, atualmente temos acesso a notícias 24h por dia, praticamente sem restrições. Além disso, com as redes sociais e tecnologias móveis, as notícias são propagadas de maneira muito rápida e chegam até nós, muitas vezes, de forma repetitiva.
Nesse mundo de divulgação, as manchetes sensacionalistas chamam mais atenção e, com isso, reportagens sobre desastres também. No momento atual de pandemia, uma grande porcentagem das notícias tem sido sobre esse assunto.
Entender o que está acontecendo no mundo fora do nosso local de isolamento é essencial para algumas pessoas, mas cada uma lida com as informações de uma forma diferente. Isso depende de uma série de fatores, como, por exemplo, histórias de vida e características do isolamento onde a pessoa está.
As notícias que lemos diariamente têm impacto em nossos pensamentos, comportamento e emoções. Consumi-las pode ativar o sistema nervoso simpático, fazendo o corpo liberar hormônios ligados ao estresse, como cortisol e adrenalina. Como consequência, e resposta a esse estresse, podem surgir sintomas físicos como alteração de sono e de fome ou mudanças mentais.
A avalanche de notícias a qual somos expostos constantemente pode se tornar gatilho para mudanças na nossa saúde mental despertando medo, ansiedade e crises de pânico. Uma pesquisa feita pela UERJ apontou que os casos de ansiedade e estresse aumentaram 80% entre os brasileiros no isolamento. Outro levantamento realizado pelo Ministério da Saúde no final de 2020 detectou ansiedade em 86% dos entrevistados, transtorno de estresse pós-traumático em 45% e depressão grave em 16% dos participantes.
Somado a essas pesquisas, um estudo realizado nos Estados Unidos, focado especialmente no impacto de notícias negativas nas pessoas, afirmou que quanto mais notícias ruins uma pessoa consome, maior a probabilidade de ela ficar triste e se preocupar. Lá, o hábito de deslizar o dedo pela tela do celular, navegando por informações preocupantes, ganhou o nome de “doomscrolling” (algo como “rolagem da desgraça”).
É importante que qualquer assunto que incomoda tenha espaço e possibilidade para ser conversado sem julgamentos e com escuta amorosa. É importante procurar ajuda e sempre conversar sobre nossas angústias. Se sentir vontade de compartilhar o que está sentindo, ligue para o 188 ou acesse www.cvv.org.br/23
Viviane – CVV Belém -PA