Uma das maiores referências do show business mundial, Lady Gaga é uma artista disposta a mostrar ao mundo que sucesso, fama e dinheiro não são garantia de felicidade. Em 2013, a cantora revelou à Harper’s Bazaar que a maior coisa que descobriu sobre si mesma foi sofrer de depressão. Desde então, tem falado abertamente sobre problemas emocionais, sendo a mais recente ocasião em outubro deste ano, quando, em entrevista à revista Billboard, falou um pouco mais sobre como a doença afetou sua vida.
Nos momentos em que pensou que não conseguiria sobreviver à depressão, Gaga revelou que a única maneira que encontrou de lidar com a doença foi confrontando à si mesma. “Eu senti que estava morrendo – minha luz se apagou completamente. Eu disse a mim mesma, ‘seja o que tiver sobrado aí, mesmo que uma molécula de luz, você vai encontrá-la e multiplicá-la. Você deve isso a você. Você deve isso a sua música. Você deve isso aos seus fãs e familiares’.”
A artista contou ainda que não sentiu que a depressão estava esgotando os seus talentos, mas sim que os tornou mais fáceis de encontrar. “Eu descobri que a minha tristeza nunca destruiu as minhas qualidades. Você tem apenas que voltar às suas qualidades, encontrar aquela luzinha que sobrou. Eu tenho sorte de ter encontrado um pouco de brilho guardado.”
Em seu depoimento à Billboard, Gaga disse que sofreu de ansiedade e depressão a vida inteira, e que ainda lida com isso diariamente. “Eu só queria que essas crianças soubessem que esse vazio que elas sentem como seres humanos é normal. Nós nascemos desse jeito. Essa coisa moderna, em que todo mundo está se sentindo superficial e menos conectado? Isso não é humano”, concluiu a cantora, que é grande crítica da internet, que, segundo ela, seria responsável por um aumento do potencial depressivo dos usuários, tanto pelo seu conteúdo superficial quanto por afastar as pessoas umas das outras, impedir um contato mais íntimo e isolar crianças que não recebem a devida atenção dos adultos, sempre conectados aos seus aparelhos eletrônicos.
Por outro lado, a internet é o meio pelo qual mantém contato com seus fãs, os little monsters (pequenos monstros), que lhe enviam constantemente relatos de depressão e bullying no ambiente escolar e virtual. Foi a partir do suicídio de um fã de 14 anos que a cantora passou a prestar mais atenção no assunto, que culminou com a criação da Born This Way Foundation (Fundação Nasci Assim, em tradução livre), por Gaga e sua mãe, Cynthia Germanotta.
A Fundação tem como missão o apoio ao bem-estar dos jovens e empoderamento destes para a criação de um mundo mais gentil e corajoso, através do compartilhamento de histórias reais, publicação de pesquisas sobre questões emocionais e suporte à organizações comprometidas com a saúde emocional dos jovens.
O nome escolhido para batizar a Fundação – Born This Way – é significativo. Além de ser o título do single e segundo álbum da cantora, passa a mensagem de aceitação de si mesmo, que é o que ela busca incentivar em seus fãs, para que não sofram com os ataques recebidos por serem diferentes dos demais jovens. Em recente palestra na Universidade de Yale, Gaga defendeu que uma das coisas que a ajuda no controle da depressão é a constante descoberta de seus reais desejos, valores e preferências, o que a possibilita negar participar de coisas com as quais não concorda e fazer escolhas conscientes, que aumentam sua qualidade de vida e sua autoestima.
Ainda no campo do engajamento social, o último single de Lady Gaga, Till It Happens To You (Até Que Aconteça Com Você, em tradução livre), trata dos frequentes casos de abuso sexual nas universidades e da sensação de solidão que acomete as vítimas. A artista, além de mostrar solidariedade, busca incentivar que as vítimas falem a respeito, denunciem e se unam contra a violência que afeta 01 em cada 05 estudantes americanas.
Iniciativas como estas podem diminuir o isolamento e aumentar a atenção aos jovens, que tem sido vitimas deles mesmos de forma intensa, tirando suas vidas precocemente. É importante lembrar que a Organização Mundial de Saúde – OMS aponta o suicídio como a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29, em todo o mundo. Atento a este fenômeno e às novas formas de comunicação, o CVV oferece atendimento online gratuito no site www.cvv.org.br/23.
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