Uma outra ação prevista é que as unidades de saúde passam a ser obrigadas a reportar todos os casos de automutilação, tentativas de suicídio e suicídio às autoridades sanitárias. Anteriormente, a Portaria 1271/2014 já previa a informação também sobre as tentativas, mas não incluía casos de automutilação. Com a força da lei, a expectativa é por estatísticas mais confiáveis que possam garantir segurança na formulação de políticas públicas.
A legislação visa fortalecer a rede de prevenção. Ao mesmo tempo em que destaca que União, estados e municípios devem implementar as normas, ressalta a necessidade de promoção da saúde mental, da oferta de atenção psicossocial às pessoas que passam por sofrimento e da necessidade de trabalho intersetorial, envolvendo entidades de saúde, de educação, de comunicação, imprensa, segurança pública, entre outras.
É neste trabalho em rede que o CVV atua. Há 57 anos, oferece apoio emocional e contribui para a prevenção do suicídio. Ouvir com empatia e sem julgamentos, de forma totalmente gratuita e sigilosa, é a rotina dos cerca de 3 mil voluntários. Com a assinatura de um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde, pelo qual o número 188 passou a ser oferecido nacionalmente sem o custo da ligação, mês a mês observa-se que mais e mais pessoas buscam na fala, no desabafo, na conversa sem aconselhamentos, uma forma de compreender melhor o que se passa consigo. O serviço do CVV é oferecido 24 horas por dia nos 365 dias do ano.
Trinta e dois brasileiros morrem todos os dias por suicídio. A estimativa dos especialistas é que, para cada morte, existem pelo menos 20 tentativas. Já a automutilação, conforme os estudos mais recentes, chega a atingir 20% dos adolescentes.
Para contribuir com a prevenção, é importante reconhecer os sinais de quem passa por sofrimento. Saber que frases soltas como “Não vejo sentido na vida”, “Não sei o que estou fazendo aqui”, “As pessoas ficariam melhores sem mim” podem ser indicativas da necessidade de ajuda, assim como o isolamento, as alterações no apetite, no rendimento escolar ou profissional. A pessoa que se mata não deseja morrer, mas se livrar da dor. A automutilação, por sua vez, pode não ter intenção suicida. Neste caso, como apontam os estudiosos, a intenção é lidar com o sofrimento psíquico, o que também requer apoio adequado.
Leila – CVV Brasilia