Os anos de 2020 e 2021 foram anos marcados por mudanças nos costumes sociais, devido às limitações de convívio impostas pela pandemia do COVID-19. Muitas pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, desenvolvendo suas atividades quase que exclusivamente de forma remota e restringindo ao máximo as saídas e o convívio social presencial com os outros.
O distanciamento nos afastou, mas nos permitiu analisar o quanto estamos envolvidos e o quanto a boa comunicação é necessária para criarmos laços e nos tornarmos presentes nas vidas uns dos outros. Com o contato restringido, muitas vezes sendo feito apenas pelas ferramentas virtuais, fez com que as pessoas desenvolvessem relacionamentos diferentes. As ferramentas virtuais permitiram o desligamento das câmeras, abaixar o volume do som e, em consequência, restringir as interações.
Esses movimentos foram por vezes encarados como saldo positivo da pandemia quando se tratava de pessoas com quem não se desejava a interação, ou seja, foi considerada como um alívio. Por outro lado, em algumas situações as pessoas se perceberam desnecessárias ou menos importantes na vida dos outros, quando não eram procuradas durante o período de maior isolamento, ou quando eram elas próprias “desligadas”, ou seja, se viam numa sala virtual com todas as câmeras desativadas. O isolamento fez muitos de nós refletirmos sobre nossas relações. Com quem devo manter o contato? Com quem devo restringir a interação? Como voltar ao convívio presencial?
Os relacionamentos interpessoais que cultivamos influenciam diretamente em nossa personalidade, opiniões e humor. Quando o isolamento ocorre, essa troca deixa de acontecer e a pessoa isolada pode se trancar em sua própria mente ou reavaliar suas relações pessoais. Em consequência, a volta ao convívio com os demais pode trazer mudanças e consequências inesperadas.
Mesmo para os mais extrovertidos, essa situação pode parecer como um desafio a ser cumprido, enquanto os mais tímidos podem sentir ainda mais ansiedade social, ao mesmo tempo em que lutam consigo mesmos para planejar a volta à comunidade. As pessoas podem se sentir julgadas, observadas, comparadas às suas versões de antes do isolamento causado pela pandemia. Além disso, outras questões também podem ser levadas em consideração nessa readaptação do estilo de vida, como o conforto de casa, o ganho de tempo encontrado no home office, a qualidade dos dias quando se pode organizar a rotina, alimentação e etc.
Como consequência a todas essas questões, podemos sentir diferenças nas nossas relações pessoais após a volta do convívio. Podemos ter feito um balanço do que nos tocou mais profundamente, expondo os benefícios, assim como as mazelas, advindos do isolamento social.
É importante que qualquer assunto que incomoda tenha espaço e possibilidade para ser conversado sem julgamentos e com escuta amorosa. É importante procurar ajuda e sempre conversar sobre nossas angústias. Precisando conversar ligue para o 188 ou acesse www.cvv.org.br/23
Viviane
Belém/PA