Em tempos de férias, vale lembrar a importância de ficar de pernas para o ar. Aproveitar o ócio para curtir a presença e a alegria dos filhos, colocar em dia a leitura daquele livro perdido na gaveta, experimentar um novo game, assistir à temporada atrasada de uma série, ficar mais com os amores, permitir-se estar ao ar livre ou simplesmente não fazer nada, nadinha de nada. Neca de pitibiribas. A importância de ficar à toa é reconhecida como fundamental para a saúde mental. Agora, segundo uma entrevista com o neurocientista americano Andrew Smart publicada pela revista Vida Simples, chega-se à conclusão de que é vital também para o autoconhecimento.
No mais recente livro dele, Autopilot: The Art and Science of Doing Nothing (“Piloto automático: a arte e a ciência de não fazer nada”), ainda não lançado no Brasil, ele sustenta que ficar ocioso permite tornar-se mais consciente de um número superior de operações cerebrais inconscientes, como, por exemplo, as que tratam das emoções e da identidade. Seria algo como: o excesso de atividades reprime as pessoas de sentirem plenamente suas emoções.
Smart observa que é no ócio que se estabelecem as conexões para a criatividade. Mas, segundo avalia, no caso de quem está ocioso, a mente não necessita processar as informações externas e pode voltar a atenção para dentro. Assim, a rede neural se conectaria ao subconsciente, permitindo imagens que estavam lá, guardadas, revelando um pouco do que cada um é de verdade, numa pausa apenas aparente. Como entrega o nome no livro, seria o momento para se usar o piloto automático, abrindo mão do controle do cérebro e deixando com que seja governado por ele mesmo.
A teoria dele é uma espécie de comprovação do que já era defendido no ano 2000 pelo sociólogo italiano Domenico De Masi, autor de O ócio criativo. Mas Smart foca na direção dos benefícios que a ociosidade promove no cérebro. Na entrevista conduzida pelo repórter Rafael Rocha Daud, afirma que se vive num mundo de sobrecarga, com a tecnologia móvel invadindo permanentemente a vida privada com temas do trabalho. É o estar disponível à força, explica ele. Um outro ponto é esta ultraeficiência que às vezes busca-se destacar como ponto de aceitação e prestígio social, de demonstração de sucesso. “Veja como sou ocupado! Sou uma pessoa muito importante e bem-sucedida.”
Andrew Smart reconhece que esse processo para o autoconhecimento às vezes é difícil, penoso. Até mesmo quando se trata do conceito de não fazer nada, há uma imensa variação de ser para ser. Para uns, pode ser mais complexo, para outros menos. Se quiser conversar um pouco mais sobre você e suas emoções, entre em contato com o CVV. Veja todas as formas em nosso site: www.cvv.org.br/23.
Leila
CVV Brasília (DF)