Estímulo á automutilação pode ser criminalizado

Data30/10/2015 CategoriaComportamento

Pulsos que choram, Querida Lâmina, Poeta que se corta. Esses são os nomes de alguns dos vários perfis no Facebook, nos quais jovens curtem e compartilham experiências com a automutilação. Também chamada cutting, a prática é considerada um transtorno mental no qual a criança ou o adolescente agride o próprio corpo por meio de cortes com objetos como lâminas, estiletes e cacos de vidro. As partes mais machucadas são braços e pernas, locais que podem ser escondidos para que os pais ou amigos não percebam.

A psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Jackeline Giusti, que atende vários desses casos, afirma que os jovens relatam que a dor física causada pelos cortes, aliviaria o sofrimento psicológico causado muitas vezes pela depressão, ansiedade, entre outros transtornos. “A automutilação não tem nenhuma função estética, não tem o objetivo de acabar com a vida, tem apenas o objetivo de diminuir essa sensação ruim, explica ela.

No Senado, um projeto quer criminalizar quem estimula ou instiga crianças e jovens a agredirem o próprio corpo. A ideia, segundo o senador Ciro Nogueira, do PP do Piauí, é punir principalmente quem estimula a prática por meio da internet. O senador destaca que o cutting tem se difundido especialmente por causa da ação de grupos nas redes sociais que incentivam e estimulam a automutilação. “A gente tem sempre ouvido relatos de pessoas que tem recebido motivações ou influências pela internet principalmente para que se automutilem como provas para entrar em grupos, desafios e isso nos tem preocupado bastante porque a gente sabe que cada dia mais a influência da internet tem invadido os lares brasileiros”.

O projeto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente tipificando o crime de quem induz, instiga ou auxilia a automutilação. A pena para quem praticar esse tipo de ação pode ir de 6 meses a 12 anos de prisão, dependendo da gravidade dos danos ao jovem. A proposta será analisada pelas comissões de Direitos Humanos e de Constituição e Justiça. Se for aprovada, segue para a Câmara dos Deputados.

Fonte: Rádio Senado, por Paula Groba.

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