No complexo jogo das sensações humanas, o ciúme exerce um papel de destaque, levando-nos a tê-lo das mais diferentes pessoas: marido, esposa, pai, mãe, irmãos, amigos etc. E até mesmo de animais, objetos, roupas, sapatos…. Esse sentimento pode se caracterizar por uma dor no peito, um aperto no coração, uma sensação de frio na alma. Pode corroer o corpo, o espírito e manifestar-se em diferentes graus. É tão frequente que constitui uma das principais fontes de inspiração de compositores e escritores. Roberto Carlos proclama em uma das mais conhecidas canções que interpreta: “Meu ciúme desconfia de você”….
Essa desconfiança pode ser exacerbada e o ciúme passa a ser perigoso porque começa a ter um caráter obsessivo, ou seja, repete-se a toda hora. A pessoa começa a ficar profundamente transtornada, desconfia de tudo e persegue o outro porque não aguenta a sensação brutal que existe dentro dela de que está sendo enganada. Por isso, o ciúme é considerado uma reação emocional das mais sérias e involuntárias.
Para muitos, o ciúme é visto como uma dependência, como a de álcool e drogas. Do mesmo modo que existem os Alcoólicos Anônimos, surgiu nos Estados Unidos a Confraria dos Ciumentos Anônimos. O grupo se reúne semanalmente para desabafar, expor toda a raiva e a frustração provocadas pelo ciúme. Eles adaptaram os 12 passos dos Alcoólicos Anônimos na tentativa de libertar-se desse sentimento. O primeiro passo é justamente reconhecer que não têm controle sobre as emoções ciumentas.
Em determinadas circunstâncias, o fato é tão grave que pesquisas realizadas nos Estados Unidos apontam o ciúme como a causa de um terço dos assassinatos. Tanto alguns homens quanto mulheres perdem a cabeça quando se sentem traídos e matam. Em algumas situações, após o crime, cometem suicídio. São casos aos quais a crônica policial diária refere-se como crimes passionais.
No ambiente de trabalho, familiar, nas delegacias, nos noticiários, o ciúme ocupa espaço de significativa abrangência. As desconfianças e inseguranças que envolvem as relações humanas, no que diz respeito ao ciúme, chegam muitas vezes em relatos de profundo sofrimento, angústia, desespero e pranto, como se o coração da outra pessoa, a todo momento, repetisse o que revela outra conhecida canção: “É, o meu ciúme, amor carente que me faz enlouquecer”.
Bartyra
CVV Recife/PE
* Precisando conversar? Veja as formas disponíveis de atendimento em www.cvv.org.br.