Apenas hoje, até o final do dia, 32 brasileiros vão morrer por suicídio. A questão é de saúde pública, nove em cada dez destas mortes poderiam ser evitadas, pois a pessoa passava por um transtorno mental naquele momento e não recebeu ajuda a tempo. Falar, quebrar tabus, superar estigmas e senso comum, alertar a população e conscientizar são tarefas cotidianas, mas, neste mês, ganham sentido especial: é o Setembro Amarelo, movimento para prevenção do suicídio.
“Doe um minuto, mude uma vida”. O tema da Associação Internacional de Prevenção do Suicídio (IASP) deste ano para o 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, visa sensibilizar e conscientizar a população sobre os altos índices de suicídio no mundo e que essas mortes podem ser prevenidas. Segundo a entidade, há 25 vezes mais tentativas. São 830 brasileiros que buscam a morte todos os dias, o que dá uma média de uma pessoa a cada dois minutos.
Como parte das atividades deste ano, o CVV promoveu o IV debate Abordagem Responsável do Suicídio na Mídia. Porto Alegre foi a capital escolhida para o evento, já que das 20 cidades com maior número de suicídios no Brasil, 11 estão no Rio Grande do Sul. O presidente do CVV, Robert Paris, defendeu a necessidade de se quebrar o tabu de que falar sobre suicídio na mídia agrava o problema ou mesmo estimula. “Falar salva, mas é preciso falar seriamente. A boa mídia informa sobre a complexidade do fenômeno. Todo suicídio é, em geral, uma história de muito sofrimento”, observou.
O editor-chefe do Diário Gaúcho, Carlos Etchichury, lembrou que mil pessoas morrem no estado todos os anos por suicídio. Para ele, entre abordar mal o assunto e o silêncio, é preferível este caminho, pois o tema exige responsabilidade e, as pessoas, respeito. “O limite é sempre esse. Falar com respeito, evitar expor as pessoas, a família”, destacou.
O professor Juremir Mavhadi, também articulista do Correio do Povo, observou que o senso comum é o da não divulgação do suicídio pela mídia. “Penso que os jornalistas acham que estão fazendo o certo, mas estão mal informados”. Os manuais, inclusive o da Organização Mundial de Saúde, que tratam do como a mídia deve abordar o suicídio, foram destacados pelos participantes. Entre as recomendações, evitar sensacionalismo, não abordar métodos e não glamourizar.
E consenso que falar é a melhor solução. Muitas mortes poderiam ser evitadas se a informação de que se pode pedir ajuda e dividir o que se sente com alguém fossem disseminadas. É isto que a campanha Setembro Amarelo quer. Participe! Vista amarelo, ajuda na iluminação de prédios, ruas, use o laço símbolo da campanha, converse com amigos, familiares e, se precisar, entre em contato conosco pelo cvv.org.br.
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